No sábado (07/10), vésperas do Dia do Nascituro, o Bispo Diocesano de Araguaína e Administrador Apostólico da Diocese de Tocantinópolis, Dom Giovane Pereira de Melo, divulgou uma carta a todo o povo de Deus sobre a defesa integral da vida. Diante do julgamento da ADPF 442 pautado no Supremo Tribunal Federal, o bispo retomou, na mensagem, o princípio da inviolabilidade da vida humana: “A vida humana é dom e compromisso, desde a concepção até a morte natural. Todas as vidas importam e devem ter a sua dignidade respeitada, por isso ninguém poderá reivindicar para si o direito de tirar a vida de alguém”. Dom Giovane ainda considerou oportunas as manifestações públicas contrárias ao aborto e convocou os fiéis à oração.
Na carta, o bispo ainda recordou que a defesa integral da vida passa pela luta pela justiça social, o bem comum e o cuidado com a Casa Comum.
Confira a carta na íntegra:
CARTA PELA DEFESA INTEGRAL DA VIDAAo povo de Deus das Dioceses de Araguaína e de Tocantinópolis
“Deus, Senhor da Vida, confiou aos homens, para que estes desempenhassem de modo digno dos mesmos homens, o nobre encargo de proteger a vida. Esta deve ser salvaguardada, com extrema solicitude, desde o primeiro momento da concepção; o aborto e o infanticídio são crimes abomináveis” (Gaudium et Spes, n. 51)
A vida humana é dom e compromisso, desde a concepção até a morte natural. Todas as vidas importam e devem ter a sua dignidade respeitada, por isso ninguém poderá reivindicar para si o direito de tirar a vida de alguém. Nesta Semana Nacional da Vida e Dia do Nascituro, em comunhão com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reafirmo os princípios de sacralidade, dignidade e integridade da vida humana, em contraposição ao julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 442 (ADPF 442) que tramita no Supremo Tribunal Federal.
Neste ano, a Semana Nacional da Vida e Dia do Nascituro tem como tema “Adoção: amor com laços de coração”. Recordo as palavras referidas na carta enviada aos presbíteros de Araguaína e de Tocantinópolis, datada no último 30 de setembro, convidando-os a retomarem a iniciativa uma Prece pela Vida: “O tema da adoção é uma forma de defesa integral da vida. A reflexão sobre a adoção torna-se uma alternativa para a proteção das crianças rejeitadas no ventre materno para que encontrem um lar onde possam ser acolhidas, cuidadas e amadas.” Exorto aos fiéis que continuem em oração suplicando pela vida no ventre materno. Considero também as outras iniciativas de oração e as manifestações públicas como oportunas para expressarem o pensamento do povo brasileiro que é, majoritariamente, contrário ao aborto.
De igual modo, a defesa integral da vida, leva-nos a refletir sobre qual mundo estamos construindo para as crianças nascidas. Em nossa sociedade existem outras formas de mortes: pobreza, fome, violência, doenças, epidemias e pandemias, guerras, terrorismo, migrações forçadas, etc. É preciso fazer a nossa parte para que o ser humano rejeitado no ventre materno não continue a ser um excluído e descartado pela sociedade, prolongando na vida a rejeição intrauterina. A luta pela justiça social e o bem comum são elementos essenciais da defesa integral da vida.
Por fim, a defesa integral da vida passa pelo cuidado com a Casa Comum, não por uma questão ideológica ou partidária, mas como dom do Deus Criador e compromisso ético e responsável com os irmãos e toda a obra criada. Em que mundo viverá as crianças que hoje lutamos para que não sejam abortadas? É preciso pensar no mundo que estamos deixando para elas. No último dia 04 de outubro, memória de São Francisco de Assis e encerramento do Tempo da Criação, o Papa Francisco nos presentou com a Exortação Apostólica Laudate Deum sobre a crise climática. Após oito anos da publicação da Laudato Si, quis o papa reafirmar que a vida humana e a Casa Comum estão estreitamente ligadas: “não há dúvidas que o impacto das mudanças climáticas prejudicará cada vez mais a vida de muitas pessoas e famílias. Sentiremos os seus efeitos em termos de saúde, emprego, acesso aos recursos, habitação, migrações forçadas e outros âmbitos. Trata-se dum problema social global que está intimamente ligada à dignidade da vida humana” (Laudate Deum, n. 2-3).
Por ocasião da Semana Nacional da Vida, Dia do Nascituro e encerramento do Tempo da Criação, peço que a presente carta seja publicada nos canais de comunicação das Dioceses de Araguaína e de Tocantinópolis e seja lida em todas as celebrações litúrgicas deste 27º Domingo do Tempo Comum (tarde e noite do dia 07/10 e no dia 08/10)
Roguemos à Mãe de Deus, Senhora da Consolação e do Perpétuo Socorro, que nos ajude a defender a vida em sua integridade: a vida humana e a Casa Comum.
Dom Giovane Pereira de Melo
Bispo Diocesano de Araguaína
Administrador Apostólico de Tocantinópolis