ADVENTO: TEMPO DA ESPERANÇA E DA GRAÇA

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Diácono Guto

O Advento está fundamentado nas palavras de Jesus: “Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor” (Mt 24,42)

 

A Igreja começa neste Domingo, 01 de dezembro, um novo tempo: é o Tempo de Advento, tempo de preparação para o Natal que se aproxima, tempo de renovação e de vivenciarmos o amor de Deus que se faz presente no meio de nós. Advento, em latim “Adventus”, significa “vinda”, a Igreja orante em preparação para a chegada do salvador. Neste tempo de preparação espiritual, a igreja nos ensina que este novo tempo marca o início do Ano Litúrgico na tradição cristã. Durante o Advento, somos convidados a refletir sobre a vinda de Jesus Cristo, tanto na Encarnação, que já aconteceu, quanto na Sua vinda gloriosa no fim dos tempos.

Nosso Deus vem, e cumpre em seu designo de salvação a redenção da humanidade assumida em Cristo. “Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o Seu Filho, nascido de uma mulher” (Gl 4,4). A Mãe do Deus que se faz carne, caminha conosco neste Tempo de Advento, rumo à grande celebração do nascimento de Cristo, a Virgem Maria foi colaboradora nessa ação de Deus, aceitando ser a Mãe do Seu próprio Filho: ela deu ao mundo Cristo Jesus, o Emanuel, Deus conosco e nos convida neste tempo da graça acolhe-lo.

O Advento está fundamentado nas palavras de Jesus: “Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor” (Mt 24,42). Esta passagem destaca a importância da vigilância e preparação espiritual, que precisamos estar prontos com os “rins cingidos e as lâmpadas acesas” (Lc 12,35). Os Padres da Igreja frequentemente falavam sobre a expectativa da vinda de Cristo e a importância da vigilância. São Jerônimo, por exemplo, escreveu sobre a alegria espiritual de esperar o Salvador, enquanto Santo Agostinho enfatizava a necessidade de conversão durante o tempo do Advento.

O Magistério da Igreja destaca a importância do Advento como um tempo de penitência, oração e alegre expectativa. O Catecismo da Igreja Católica nos convida a viver o Advento como um período de preparação interior para acolher Cristo mais plenamente em nossas vidas.

Espiritualmente, o Advento é um convite à conversão. A Igreja chama os fiéis a se prepararem para a celebração do nascimento de Cristo, por meio de práticas como a oração, a penitência e a reflexão sobre as promessas de Deus. Durante este tempo, somos chamados a participar das celebrações e rituais litúrgicos específicos, como a confissão, a meditação sobre as escrituras e a prática de boas obras. É também um período adequado para ações concretas de caridade, pois a preparação para o Natal não se resume apenas ao âmbito espiritual, mas também ao gesto de amor e solidariedade para com o próximo. Muitas paróquias e comunidades organizam campanhas de arrecadação de alimentos, roupas e brinquedos para os mais necessitados.

O Advento é composto por quatro domingos. Cada um deles tem uma temática específica que vai aprofundando o sentido da preparação espiritual:

1º Domingo do Advento: O foco está na expectativa da segunda vinda de Cristo no final dos tempos. Este domingo chama os cristãos a se prepararem para a chegada de Cristo, lembrando que a vigilância espiritual é necessária em todas as épocas.

2º Domingo do Advento: A figura de João Batista é destacada como o precursor de Cristo. Ele é o “anunciante” da chegada do Messias e exorta a conversão, simbolizando a necessidade de preparação interior para acolher o Salvador.

3º Domingo do Advento (Domingo Gaudete): Este domingo é marcado pela alegria. “Gaudete” significa “alegrai-vos”, e é um convite para celebrar com esperança o iminente nascimento de Cristo. A liturgia deste domingo usa vestes litúrgicas de cor rosa, uma pausa no tom de penitência, indicando que o momento de celebração está próximo.

4º Domingo do Advento: Este domingo é centrado no anúncio do nascimento de Jesus, com o foco na Virgem Maria, que diz “sim” ao plano de Deus. A proximidade do Natal é celebrada, com ênfase na preparação do coração para acolher o Salvador.

Neste tempo forte de oração, a Igreja utiliza uma rica simbologia que nos ajudam a nos inserir no mistério que celebramos, a coroa do Advento é um dos símbolos mais conhecidos deste tempo litúrgico. Ela é formada por uma guirlanda com quatro velas, uma para cada domingo do Advento. Tradicionalmente, três velas são roxas, simbolizando o arrependimento e a preparação, enquanto a vela do terceiro domingo é rosa, simbolizando a alegria.

O Advento, portanto, é mais do que um simples período de espera para o Natal; ele é um tempo litúrgico rico em significado, que nos convida a refletir sobre as promessas de Deus e a nos prepararmos espiritualmente para acolher o Cristo que vem. Ele nos ensina a viver a expectativa da vinda de Deus com vigilância, conversão e esperança, lembrando-nos que a verdadeira celebração do Natal começa dentro de nós, em nosso coração, na medida em que acolhemos a luz de Cristo em nossas vidas.

A esperança cristã é uma virtude que não depende das circunstâncias externas, mas que nasce da confiança no amor de Deus e na fidelidade de suas promessas. No Advento, somos chamados a esperar com fé, e neste ano santo no Jubileu da Esperança, somos chamados a viver essa espera de forma concreta, sendo sinais de esperança para o mundo.

Em um mundo muitas vezes marcado pela incerteza, pelo medo e pela desesperança, o Advento e o Ano Jubileu da Esperança são um lembrete poderoso de que, em Cristo, a esperança não nos decepciona, mas nos leva a um futuro de paz, alegria e realização plena na vida de Deus.

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Padre Vitor Chaves

Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

Araguaína-To

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