A Liturgia como Caminho de Transformação e Fé

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Diácono Guto

“Os Sacramentos mostram e comunicam o Deus próximo que vem, com misericórdia, curar e fortalecer os seus filhos”

Segundo o Papa Francisco, na liturgia, “os Sacramentos mostram e comunicam o Deus próximo que vem, com misericórdia, curar e fortalecer os seus filhos”. Ele expressa um carinho especial pela liturgia da Igreja, ressaltando como ela pode transformar o coração dos milhões de católicos em todo o mundo, permitindo que cresçam na fé. O Papa se pergunta, ainda, sobre os frutos que a liturgia desperta na vida dos fiéis e como fazer a comunidade se sentir amada e próxima de Deus por meio das celebrações litúrgicas, salientando que “através do culto, somos convidados a abraçar o mundo em um plano diferente” (FRANCISCO, 2015).

A Igreja, em sua liturgia, oferece alimentos indispensáveis, como os sacramentos, os sacramentais e, especialmente, a Palavra e a Sagrada Eucaristia. Aproximar-se do ápice da liturgia Eucarística é sentir o amor e a ação salvífica de Deus. “O mundo ainda não sabe, mas todos são convidados para o banquete das núpcias do Cordeiro” (Ap 19,9). Para ter acesso, é necessária a veste nupcial da fé, que se adquire pela escuta da Palavra (FRANCISCO, 2022).

A liturgia é a expressão mais sublime da presença de Deus entre os homens; o Senhor se torna muito próximo de seus filhos e filhas, acolhendo cada prece, gesto, louvor e glória que lhe são dirigidos. Especialmente na celebração eucarística, o culto da Igreja se realiza na comunidade reunida, sob a liderança de seu ministro. O Papa Francisco, em seu ministério, destaca que Deus se dirige a seus filhos como um bom pai, especialmente no momento em que a Sagrada Escritura é proclamada. Deus fala aos homens, e o próprio Cristo, no Evangelho, se comunica com seu povo, que, por meio do celebrante ou individualmente, responde ao Senhor no Espírito Santo (FRANCISCO, 2017).

A opção que o fiel faz por Jesus Cristo se manifesta por meio de seu modo de agir, uma ação que brota do interior da alma, onde o testemunho de vida expressa essa escolha. É importante lembrar que a fé no Senhor nos é transmitida em algum momento de nossas vidas; não somos formados sozinhos. O próprio Espírito Santo suscita pessoas para nos orientar na aprendizagem do Evangelho e dos gestos que simbolizam nossa fé. Francisco observa: “Penso nos pais e, mais ainda, nos avós, mas também nos catequistas. Muitos de nós aprendemos o poder dos gestos litúrgicos, como o sinal da cruz, o ajoelhar-se e as fórmulas da nossa fé diretamente com eles” (FRANCISCO, 2022).

Segundo o Papa, a transmissão da fé se dá em primeiro lugar no recebimento dos sacramentos da iniciação à vida cristã: Batismo, confirmação e Eucaristia. A partir desse momento, o cristão é chamado a ver a si mesmo como alguém que escuta, vive e transmite o que crê. Nesse sentido, a “fé torna-se operativa no cristão a partir do dom recebido, a partir do Amor que o atrai para Cristo (cf. Gl 5, 6) e torna-o participante do caminho da Igreja, peregrina na história rumo à perfeição” (FRANCISCO, 2013).

Com a Eucaristia, ato de memória e atualização do mistério pascal, o fiel demonstra seu profundo amor por Jesus. É na Eucaristia que se encontra o ápice de toda a nossa fé; somos fortalecidos pela Palavra e nutridos com o Pão Eucarístico. O Pai doa seu próprio Filho como alimento e salvação de seus filhos. “A natureza sacramental da fé encontra sua máxima expressão na Eucaristia. Esta é alimento precioso da fé, encontro com Cristo presente de maneira real em seu ato supremo de amor: o dom de Si mesmo que gera vida” (FRANCISCO, 2013). A liturgia é a expressão mais bela da Igreja; por meio dela, o fiel participa da celebração dos sacramentos, dos sacramentais e todas as orações da Igreja. Cristo continua o processo de redenção e salvação de seu povo por meio da liturgia. O desejo do Senhor é que os fiéis sejam pessoas de grande fé e verdadeiras testemunhas de santidade, dispostas ao anúncio do Evangelho. O Papa ressalta que “precisamos promover o encontro com a Palavra e o amadurecimento na santidade por meio do serviço”, o que implica um processo de maturação e transformação. A dimensão da corporeidade do homem é plenamente valorizada no ato litúrgico, onde o corpo humano revela sua íntima natureza de templo do Espírito Santo, unindo- se a Jesus Senhor.

Augusto Alves de Moura

Seminarista da Diocese de Araguaína

Bacharel em Filosofia e Acadêmico de Teologia

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